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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

DEIXEI DE LER O CONTARDO

Combinei aqui de tratar sobre assuntos da comunicação. Sem querer entrar em questões semânticas, hoje vou mudar o rumo da prosa e falar sobre ética. Na Folha de S.Paulo de hoje tem um artigo de Contardo Calligaris que disserta sobre "terminar relações por meios eletrônicos" (e-mails, torpedos etc).

Eu lia regularmente o Contardo. A partir daqui, parei. Ele sustenta que os meios eletrônicos "facilitam" a difícil tarefa de por fim a um relacionamento. Esperava mais dele. Agora ele pareceu pequeno, rasteiro e superficial.

Essa premissa (da facilidade), se transportada para o mundo corporativo, tende a virar moda, ser normal, moderninho e vanguardista ser demitido por email, torpedo ou qualquer coisa que o valha, apenas porque "facilita" a vida de quem não gosta de encarar de frente as próprias escolhas. Afinal, quem recebe a mensagem é sempre quem foi preterido; portanto, pra que imprimir uma dose tão exagerada de respeito, se a relação ja acabou?

Há muitos anos, quando não havia email ou torpedo, fui demitida de uma empresa numa sexta-feira à noite, por telefone. Eu já estava em casa com meus filhos. Curioso que é uma cena inesquecível: eu estava brincando com as crianças, rindo, depois de uma semana dura, e de repente atendi o telefone. Bom, desnecessário o restante.

Vale abordar, sim, como fica cada vez mais permissivo a falta de coragem, a falta de respeito e a falta de um caráter mais firme para enfrentar aquilo que nos é desagradável. É com esse argumento, não com as mesmas palavras, que Contardo justifica sua "simpatia" pela forma.

Eu prefiro continuar estimulando meus filhos a encararem de frente as adversidades, assumindo plenamente as suas posições, sem subterfúgios, sem se esconderem, sem máscaras. Nesse caso específico, qualquer mulher que receba um email, torpedo ou qualquer coisa parecida vinda do Contardo, deve dar Graças aos Céus!

2 comentários:

Sara Duarte disse...

Concordo plenamente, Silvana. Só quem não tem um pingo de respeito pelo próximo pode tratá-lo com tanto desprezo.

Fabio disse...

Oi Silvana. Creio que vc faz uma extrapolação do que de fato o Contardo escreveu. Ele se refere aos "relacionamentos" virtuais e começa, inclusive, comentando sobre os que inclusive se iniciam virtualmente. No seu caso vc menciona uma "despedida" profissional, que não é o foco do texto do Contardo. No caso do texto dele é sempre referenciado a relacionamentos que possuem um convívio virtual.
Abs, Fabio