Cenário: uma parede branca atrás da modelo mais bem paga do mundo, que vende até coco em latinha, porque as pesquisas apontam que todas as mulheres queriam ser Gisele Bündchen.
Cena 1: Gisele Bündchen, vestida com roupas comuns, comunica ao marido que estourou o cartão de crédito. Entra um carimbo (ensinando), com a inscrição ERRADO.
Cena 2: Gisele Bündchen, apenas de calcinha e sutiã, com a mesma frase, gestos sensuais acentuados. Entra carimbo (ensinando) , com a inscrição CERTO
PROPAGANDA – CONJUNTO DE ATOS QUE TEM A FINALIDADE DE PROPAGAR UMA IDEIA, OPINIÃO OU DOUTRINA.
O que HOPE ENSINA? (título da campanha)Que tirando a roupa a mulher pode tirar vantagem financeira do marido, parceiro ou parceira (o amor, a quem a modelo se refere no filme comercial). “Você é brasileira, use seu charme” é a assinatura da campanha. Use seu charme para que? Seduzir? Encantar? Conquistar? Não, use seu charme para tirar vantagem financeira do seu parceiro ou parceira afetivo.
Cerca de 90% das pessoas (mulheres inclusive) que se manifestaram sobre o post anterior acharam exagero e criticaram a posição defendida pelo BLOG. A maioria criticou a posição do governo. Portanto, a dúvida é: criticaram um governo inepto, que não dá a mínima solução para as mulheres violentadas (moral e fisicamente) diariamente; para as mães que não podem trabalhar por não terem onde deixar seus filhos etc? Ou realmente a mensagem (indireta e subliminar) induzindo a usar a sedução para proveito financeiro é normal?
Respeito qualquer opinião, desde que assumidamente se joguem as cartas na mesa. Assumir como normal essa posição, achando que tudo não passa de uma brincadeirinha é assumir e aceitar como legítima a proliferação cada vez maior das marias-chuteiras; da relação por interesse financeiro; da dominação do mais forte pelo mais fraco (física ou financeiramente).
Brincadeirinha é usar a lingerie para seduzir, encantar e conquistar. Evidentemente, são recursos legítimos e recomendáveis em qualquer situação a dois, de romance ou não, mas de “conquista” física ou emocional. O resto é prostituição. Nada contra, mas que se assuma como tal. Eufemismo e Hipocrisia é aceitar como "brincaderinha".
Na falta de competência para criar uma peça publicitária, o setor tem usado o já famozinho "buzz". Boa ou ruim, com efeito ou não, falem bem ou falem mal, mas falem de mim, é o recurso para driblar cliente, consumidores e desavisados.
EM TEMPO 1: dispenso comentários fora do critério técnico da propaganda, como por exemplo, me chamando de mal-amada. Para evitar, aviso que não sou; mas uso a sedução como elemento lúdico da relação e não para conseguir vantagem financeira.
EM TEMPO 2: A campanha fez muito bem à agência, que foi parar nas páginas do Jornal ingles "Guardian", que fez uma análise muito interessante sobre a pérola da propaganda brasileira. Um trechinho: "Assista a Gisele mostrando claramente que uma mulher inteligente pode fazer para obter qualquer coisa de um homem, comportando-se de uma forma sexy. Mostra uma espécie de homem das cavernas, e que as mulheres inteligentes sabem muito bem como tirar proveito disto" (tradução livre)
Leia matéria no ingles Guardian: http://migre.me/5OkB7