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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Gato por lebre? Não, muito pior

Pecuaristas e varejistas de todo mundo uni-vos. O Reino Unido vai precisar de um plano de RP muito bem azeitado, e de longo prazo, para restabelecer a confiança do consumidor que deixou de consumir carne.

Segundo a agência Dow Jones, a Agência de Padrões de Alimentos (FSA, na sigla em inglês) do país informou que 29 das 2.501 amostras de carne testadas no Reino Unido recentemente continham DNA equino. Com isso, um terço dos britânicos parou de comer alimentos prontos após escândalo.

Quase um terço dos adultos na Grã-Bretanha parou de consumir alimentos prontos devido ao escândalo da carne de cavalo, enquanto 7% pararam de comer qualquer tipo de carne, segundo uma pesquisa publicada no último domingo. A pesquisa da ComRes, encomendada pelos jornais Sunday Mirror e The Independent on Sunday, mostrou que 31% dos adultos pararam de consumir alimentos prontos.

O erro imperdoável e inadmissível de alguns incautos mexeu de forma avassaladora com todo mercado de varejo alimentar do Reino Unido e provavelmente de outros países da Europa.

 
 
Restabelecer a confiança desses consumidores exigirá investimento, tempo e muita paciência. O ideal é a união das forças da comunicação, publicidade e RP em favor de um plano integrado, sério e comprometido, que envolva e amarre todas as pontas da cadeia produtiva: do pecuarista ao supermercado.
Pior ficou a situação da Findus, marca tradicionalíssima de alimentos industrializados, pega nesse vergonhoso episódio. Seu site continua no ar  (www.findus.com ), e define-se com a seguinte mensagem:
O Grupo Findus é uma empresa do setor alimentar multinacional, com sede no
Reino Unido e com operações em toda a Europa. Estima-se que 20 milhões de pessoas comam os nossos produtos, em média, a cada semana. Combinamos a nossa paixão por comida de alta qualidade com o compromisso ativo com a boa nutrição e sustentabilidade em rudo que fazemos".
Ainda não tive oportunidade de ler quais têm sido as explicações da empresa, como ela tem se posicionado a respeito e como seus consumidores reagiram ao fato, além daqueles que deixaram de consumir. Mas o fato é que, na prática, ela continua afirmando, ainda que de forma subliminar, que 20 milhões de pessoas podem ter comido carne de cavalo.
Muito provavelmente seu valor de mercado sofreu um grande impacto, muitas cabeças devem perder o emprego e diante de um fato de tal gravidade, a recuperação vai ser lenta, se houver.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

LIÇÃO DE GESTÃO DE CRISE VINDA DO VATICANO

A primeira grande crise institucional do ano, em nivel mundial, vem diretamente do Vaticano. A imprevisibilidade do fato movimentou a mídia de todos os países. Cada notícia publicada sobre o tema deixava mais evidente como o Clero está muito bem preparado para enfrentar crises institucionais.

Em poucas horas um discurso único começou a se espalhar mundo afora, mostrando um alinhamento perfeito da estratégia. As palavras de ordem eram coragem e humildade  para definir a atitude do Papa.
Há elementos suficientes para ilações de toda sorte, mas poucos veículos de comunicação se atreveram a analisar a questão friamente. A mídia e os teólogos chamados às pressas para tentarem explicar o que é publicamente inexplicável cumpriram exatamente o roteiro que o Vaticano pretendia: idade avançada, cansaço, coragem e humildade para justificar a renúncia.

Por enquanto, deu certo. E provavelmente será esse discurso mesmo que vai habitar os livros de história. Há dois fatores que balizam o sucesso da operação: o primeiro é a aura de mistério, misticismo e respeito que ronda o Vaticano (privilégio que poucas organizações podem contar, sejam elas públicas ou privadas). O segundo foi o discurso articulado, ponderado e convincente proclamado por qualquer representante da Igreja, repetido à exaustação, com as mesmas palavras-chave.