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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

ESTADÃO ERROU NA DESPEDIDA DO JT

ultima capa do JT, veiculada em
31/10/2012
O encerramento do Jornal da Tarde (Grupo Estado) é uma lição extraordinária de como não agir quando uma empresa pretende descontinuar uma linha de produção.

Além da direção, ninguém sabe quando a empresa decidiu encerrar a publicação, porque não havia um plano estruturado para comunicar aos diversos públicos de interesse tal decisão. Entretanto, a informação vazou entre os dias 15 ou 20 de outubro.

A partir de então, a rádio peão informava que a última edição sairia entre o fim de outubro ou começo de novembro. A categoria profissional -- os jornalistas -- tentaram alguma mobilização em favor da permanência do jornal, mas já era tarde.

Dia 29 a direção do jornal soltou uma nota ao mercado explicando as suas razões, atribuindo o fechamento a uma "revisão de portfólio". No comunicado, nenhuma palavra sobre o destino dos funcionários, ou planos do RH para os demitidos. Assim como nenhuma palavra aos assinantes ativos da publicação. Duvido que os demais stakeholders receberam algum sinal de respeito nessa crise.

Qualquer empresa pode lançar ou descontinuar produtos conforme a sua capacidade de absorvê-los ou não. A diferença é "como" se faz, e as melhores práticas exigem o cumprimento de certos procedimentos que, juntos, expressam, no mínimo, respeito aos públicos envolvidos, sejam eles o público interno ou externo.

A informação que circulou após uma assembleia com o sindicato era de que a empresa ofereceria um mês de estabilidade (novembro). Ora, um mês não é estabilidade, e sim o cumprimento de aviso prévio. Alguns jornalistas foram absorvidos pelo O estado de S.Paulo e os demais demitidos.

E os assinantes? Nenhuma palavra até então. Um deles fez o seguinte relato num comentário do Face Book: "renovei a minha assinatura em 08 de outubro e ninguem me disse que o JT acabaria, acho isso um tremendo golpe, e ainda me disseram que depois de 25 renovações (que é o meu caso) eu ganharia um DVD do Pagodinho, ou será uma "pegadinha". Cade o respeito, vou cancelar os meus proximos pagamentos, além de não ter o jornal, paguei e não recebi o JT. Como diz a musica .. que País é esse .. ".

O Grupo Estado já tinha decretado a morte do JT há algum tempo. O jornal definhava. Mas enterrá-lo sem um cronograma de ações que atendesse com respeito e deferência a cada público envolvido, direta ou indiretamente, na publicação, tratando os funcionários com respeito, oferecendo um plano de benefícios; informando seus clientes (assinantes) que a publicação seria descontinuada e assim não aceitando mais a compra de assinaturas, entre outras medidas, foi uma atitude desastrosa que só fez comprometer a imagem e reputação da empresa, seja interna ou externamente. Os que ficaram sabem agora perfeitamente como será quando chegar a sua vez.