Páginas

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

DUAS CRISES, UM MESMO PERFIL

Setembro e Outubro nos reservam duas crises para análise, com o mesmo perfil de conduta: Toddynho e Shopping Center Norte. Elas nos dão a sensação de que quanto maior a empresa, menor é a sua capacidade de lidar com a crise, profissionalmente. A resposta é um imenso prejuízo para a marca.

Já participei de várias gestões de crise. Na grande maioria (nem todas, felizmente) é visível que o principal executivo tende a perder o rumo diante do tamanho do problema. Daí, portanto, a semelhança na resposta da empresa à crise. É na crise que se conhece o bom gestor. Até hoje conheci dois (felizmente, um homem e uma mulher).

Tanto Toddynho quanto Center Norte adotaram conduta idêntica: ignorar a informação e as várias formas de tratamento que ela deve ter diante de uma crise. Pior: esqueceram-se de mapear os stakeholders, e em sendo assim, a transparência que se lixe. Nivelaram todos e optaram pelo padrão: notas evazivas e Informes Publicitários.
Quando uma crise sucede imediatamente um comunicado na forma de “Informe Publicitario”  pode contar que o sujeito não sabe o que está fazendo. Porque paga uma grana alta por um espaço na primeira página de um caderno, dá-se por resolvida a questão de “informar à sociedade”.
Quanta ilusão, miopia e desperdício. E quem não lê jornais e consome o produto? Sem contar que o Informe Publicitario é que nem biquíni: mostra tudo, menos o essencial. Nas duas crises em questão, as empresas  -- totalmente vulneráveis – deixaram para as autoridades a missão de “informar” os consumidores e outros interessados. Pior, omitiram informação.

Em segundo lugar, quando se posicionaram, o fizeram por meio do segundo escalão, a quem delegaram a função de "fazer o serviço sujo e dar a cara à tapa". Notas assinadas pelo segundo escalão, pela assessoria de imprensa ou coisa que o valha não são aconselháveis (lembram-se do presidente da BP que, publicamente, queria sua vida de volta? Caiu, coitado). Omitiram, mentiram (o Center Norte chegou a afirmar, no começo da crise, que gás metano não provocava explosão) e fugiram da raia. Justamente quando deveriam ter ido a público (a presidência, o principal executivo, quem toma conta da lojinha). Ser crível, parecer crível, assumir a culpa, prometer cuidar da questão e mostrar que esta cuidando. Mas, sobretudo, e o que nenhum dos dois fez: cuidar do consumidor, da vítima ou pretensa vítima. O que ambos apresentaram foi a anti-gestão. Que pena. Perderam uma grande oportunidade (e muitos clientes).

Meus filhos tomam toddynho desde pequenos. Opsss, tomavam. Never More. Center Norte? Nem com descontos de 98%. Tanks, baby. São marcas marcadas.

Dona Irany Lopes gostou da brincadeira de aparecer

Nos dois posts anteriores comento a campanha da HOPE, que coloca homens e mulheres como idiotas (ela como a oportunista e ele como o babaca que paga a conta, em troca do lindo corpitcho). Mas reforço que a discussão foi distorcida por conta da entrada do governo, que pediu a suspensão da campanha (Min Irany Lopes, Secretaria de Políticas para Mulheres).

A repercussão foi tão grande, que até quem nunca tinha ouvido falar no tal ministério, acabou descobrindo a sua existência. Por conta disso, a ministra viu na censura a oportunidade de dar visibilidade à pasta e já providenciou outro pitaco: agora ela mirou sua metralhadora midiática para a novela das 21hs. da TV Globo e o quadro Metro, do Zorra Total (ambos TV Globo).

Pergunta que não quer calar: só a TV Globo faz programas ruins? Ou a ministra só assiste a TV Globo? Ou então porque a TV Globo é o alvo mais fácil? Ou as três coisas?

A estratégia é apenas mais do mesmo, coisa que a gente cansou de ver: já que não consegue tirar do papel e dos discursos políticas eficazes para mulheres, então o jeito é criar um factóide toda semana para aparecer (francamente, cá entre nós, eu prefiro políticas para seres humanos, cidadãos, porque esse ministério abre brechas para o ministério dos gays, lésbicas e simpatizantes, dos abandonados, dos que gostam de roupas verdes, dos que preferem passear de charrete etc. E, no fim, acabam virando apenas cabides de empregos pra gente desqualificada -- que assiste muita TV, por exemplo).

Mas voltando à pretensão de censura, essa atitude da ministra mostra que a incompetência não tem limite. Na impossibilidade de criar políticas para mulheres, então vai se chamando a atenção, criando factóides na mídia para se fazer presente. Isso nos ouvidos dos integrantes mais radicais do PT soa como música boa. É um perigo. Mil vezes a Gisele Bundchen convidando à prostituição e chamando homens de otários do que pedir a benção de uma ministra como Dona Irany cada vez que tivermos um programa no ar. Deus nos livre dá má hora.

P.S. 1- A ministra desmente o pedido de suspensão do quadro do Zorra Total, e esclarece que a sub-cretária redigiu uma nota de apoio ao Sindicato dos Metroviários, quem, por sua vez, pede a suspensão. Mas ela salienta que apoia o debate, e que questões como assédio sexual devem ser debatidas pela sociedade. Bem, se a ministra precisa de programa de televisão para levantar um debate social, é sinal de que a coisa realmente, é muito pior do parece ser.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O limite da comunicação

E lá se foi Rafinha Bastos. Acabou porque, aos pouquinhos, foi ganhando espaço e conivência da direção da Tv Bandeirantes, enquanto ultrapassava todos os limites do bom senso com pessoas comuns. Quando, achando que podia tudo, insensível a tudo e todos, passou a atacar, desrespeitar, ofender e humilhar personalidades do "establishment", cortaram-lhe as asas. Antes que criasse uma "piada", sátira" ou "gracinha" sobre a mulher do Sr. Johnny Saad, acharam melhor encostar o menino prodígio.

Este é um caso perolar sobre os limites da liberdade de expressão, em qualquer parte do mundo, em qualquer tipo de atividade. Ela pode ser maior que o respeito, a ética, o bom senso? Como deixaram que a situação chegasse a tal ponto, permitindo que um canal de Tv chegase num estado tão raso? Humilhar, denegrir ofender pessoas comuns podia. Era "humor sarcástico". Parou quando o "humor sarcástico" (???), começou a atingir também a casa de quem alimenta essa indústria (os anunciantes: indiretamente a Claro, representada por Ronaldo, sócio de Buiais, marido de Wanessa).

Se a frase que o detonou tivesse sido proferida contra uma pobre mortal teria tido o mesmo efeito? Ele teria sido afastado? Qual o limite da responsabilidade, não do Rafinha -- uma mente perversa e doente --  mas sim do Sr. Johnny Saad em manter por tanto tempo um padrão tão baixo, tão raso, tão degradante? No país do "tudo pode", onde nem quem mata vai preso, Rafinhas mil ainda vão aparecer e reinar em céus de brigadeiro. E terão milhões de seguidores, cada vez mais doentes, tal e qual a sociedade que bate em gays em plena Av. Paulista, que mata jovens na porta de boates, que mata mulheres em defesa da honra, que jogam filhos recé-nascidos na beira de rios.

Ao afastá-lo do CQC, a Band deveria pagar-lhe um psiquiatra, afinal, foi ela quem alimentou esse monstro. Se é que isto já não esteja no contrato.