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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

HÁ QUE SE TER ATENÇÃO PARA APRENDER COM A CRISE ALHEIA

O tão comentado caso do julgamento de Lindemberg, assassino de Eloá, traz à tona lições sutis e importantes sobre Gestão de Crise. Quem nos oferta tão vasto material foi a própria advogada de defesa, Dra Ana Lucia Assad.
Desde o início do julgamento ela mostrou logo a que veio: adotou uma linha beligerante, não apenas contra os jurados, mas contra a sociedade, imprensa e até, pasmem.... a própria vítima assassinada.
A Dra Assad caprichou nos detalhes. Fez questão de comparecer ao julgamento mal arrumada, descabelada e agressiva. Usou e abusou da linguagem verbal e corporal. Talvez sua intenção, na ausência absoluta de qualquer argumento de defesa, fosse realmente chocar as pessoas. E conseguiu.
A Dra., primeiro, se indispôs com a imprensa. A imprensa tem que ser isenta, mas nem por isso deixa de ser corporativista, certo? Depois culpou a sociedade, a polícia e, finalmente, a própria vítima. Como se não bastasse, chamou a juíza que conduziu o juri de burra, ao convidá-la a "estudar mais".
O que ela fez não é ilegal, conforme nos explica o Promotor Roberto Tardelli: "...a primeira confusão que se deve desfazer é a seguinte: não existe hierarquia, entre Juiz, promotor e advogado; cada qual tem sua função claramente estabelecida na lei e cabe ao juiz a presidência dos trabalhos, coordenar as ações, garantir a colheita da prova (aqui, a grande arte e onde os grandes Juízes fazem sua história), a manifestação das partes, a autonomia dos jurados, enfim, tudo passa por ele, que é o ponto de inflexão de todo o trabalho. Um Juiz atento e bem formado politicamente, sociologicamente, seguro de si, atualizado e cultor da Constituição Federal faz do júri uma verdadeira linha de produção: na sua oficina se produz democracia. É dele a tarefa de proclamar a absolvição ou de impor a pena e seus consectários, caso haja uma condenação".
Porém, ao se confrontar com a juíza com tremenda falta de educação e respeito, jogou a pá de cal que faltava para enterrar qualquer possibilidade de sensibilizar jurados ou sociedade quanto às razões do réu. Nessa altura, a adovgada já havia se transformado em ré.
Enquanto uma (a advogada) botava os pés pelas mãos com atitudes totalmente equivocadas, embora não ilegais, a outra (a juíza) atraiu solidariedade, simpatia e admiração. A advogada foi no mínimo ingênua tentando marcar posição batendo em todo mundo. Inteligentemente, a juíza, sem barraco, manobrou para atrair aliados. Estrategicamente, se revidasse, a advogada abandonaria o juri. A juíza aguentou o tranco, e saiu-se melhor. Resumo: vários setores da sociedade civil e da própria categoria a estão defendendo, sem que ela rpecisasse expressar uma única frase. Isso é um bom parâmetro para gestão de crises.

Ao criticar a tudo e todos; imputar a culpa à sociedade, imprensa e até à propria vítima assassinada, a advogada, optando pelo viés da beligerância, atraiu para si a antipatia de todos os grupos com os quais tentou se relacionar, quer seja utilizando a linguagem verbal ou a linguagem corporal. Ela desconsiderou que hoje nós vivemos sob a égide da imagem e reputação, e atrair para si a antipatia de todos os grupos, deliberadamente, só prejudicou qualquer chance de sensibilização a favor do réu.
A forma e o conteúdo, tangível e intangível, da comunicação pode, sim, levar ao sucesso ou fracasso. Feliz ou infelizmente a primeira impressão é a que fica. E, nesse caso, não  favoreceu a advogada. Eu não entregaria uma causa minha a esta Dra.

Um comentário:

Anônimo disse...

LINDENBERG NA COVA DOS LEÕES.
Um professor que frequenta este blog me motivou a escrever este texto.Esse professor é um dos que faziam parte da turba ensandecida em frente das TVs. Outros portavam atá cartazes pedindo a pena máxima para o Lindenberg.
Uma enxurrada de observações enfurecidas, pedindo pena máxima, como se fosse esse o problema do mundo e estaria nessa condenação a solução para os crimes do mundo.
Lembro que pessoas pedem penas para acusados tão crueis e desumanas que faz dessas pessoas iguais ou piores que o criminoso. Tudo em nome de uma “justiça”.
A TV Record e o Datena fizeram do caso uma festa como nos circos romanos. Nos circos o imperador Nero colocava pessoas que cometiam o crime hediondo de seguir Jesus. Um homem que oferecia risco ao estado como um todo. Não eram criminosos comuns. Risco de promover o amor, a igualdade social.Eram os cristãos. A turba assistia os seres destroçados tingindo o chão da arena em urros de gozo e prazer coletivo.
Quando eu ouvia os gritos do Datena e a insistência dele ví ali encarnada aquela turba do Império Romano.
Nenhuma emissora fugia muito mas o programa do Datena e a TVRecord, eram as mais enfurecidas.
Não mudamos nada do tempo de Nero.Não melhoramos nada.Colocam um criminoso para ser estraçalhado diante das câmaras.
Se alguém nunca teve descontrole emocional, se ninguém teve ódio irracional, mágoa e vontade de se vingar e matar um desafeto, que atire a primeira pedra.
A situação do crime com muita movimentação, muito desespero e muito descontrole total, a pressão com certeza, teve um fim previsto e pressionado.
Comum e acontece todo dia alguém dizer ” se ela não for minha, não será de ninguém ” Uma fraqueza comum não perdoada se ninguém passou por uma situação de separação dolorosa, que se não justifica um crime, mas explica.
Não julgeis para não serdes julgados.Quem de vós não tiver pecado, que atire a primeira pedra.
NO caso do Lindenberg, parecia que o único criminoso da face da terra era ele.
Se fizerem com ele na prisão o que o Datena pede sempre, que é morrer de fome e sede em morte lenta e dolorosa depois de passar por várias sessões de espancamento pelos outros presos, estará resolvido o problema do crime nos seres humanos ??
Justiça não é circo. Nâo é vingança.
O Datena sempre reclama que pagamos o que os presos comem.
Reclamam entre outras coisas que ele não chorou. Nem teria mais lágrimas, mas faltou isso para o Datena e a TV Record.
Está destruido, estamos todos, uma vez que professores estão entre a turma que rangiu os dentes babam e pedem mais sangue e lágrima.
Cão danado, todos a ele.
Temos o circo do Império Romano, agora mais moderno, apresentado pela televisão.
Ainda dizem que somos a imagem e semelhança de Deus.
Eu estou envergonhada.
cremildadentrodaescola.wordpress.com