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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

CRISES: O DISCURSO E A PRÁTICA DA ZARA


A notícia caiu como uma bomba, ontem, nos jornais, blogs e na boca do povo, sobretudo de quem tem o hábito de comprar roupas da grife ZARA, do grupo espanhol Inditex. As notícias davam conta de utilização de trabalho escravo na linha de produção das roupas que veste bem nascidos por aqui.
Produção da Zara que utiliza mão de obra escrava
A pauta bombou nas redes sociais e provocou acaloradas discussões, e a intervenção mais surpreendente foi de um rapaz que, em tom indignado, correu em defesa da marca, avisando que “a ZARA não tem culpa.... E o motivo é o mais simples de todos, não são eles que produzem as peças”.

Fiquei imaginando de que planeta vinha aquela pérola, porque até a minha sobrinha-neta de quatro anos diria que, se as roupas têm a etiqueta ZARA, a responsabilidade pelo processo de produção, vendas, marketing etc, é da própria ZARA.
MARCA!!! A Renner também não fabrica as roupas que vende; tampouco a C&A, ou a Daslu. Mas elas têm RESPONSABILIDADE sobre o produto. Ainda não caiu a ficha de muita gente sobre o conceito que envolve MARCA, seja ela de um sabonete, de um sapato, de um carro etc. A Volkswagen, por exemplo, não fabrica a maioria das peças que compõem a linha de montagem de suas MARCAS. Mas se uma delas apresenta um defeito, o consumidor vai reclamar com quem? Com a Arteb, que fabricou as lanternas? A J&J terceiriza a produção de um dos sabonetes mais tradicionais da marca. Conheci um desses fabricantes, que contou o suador que teve que passar para fornecer para a J&J. Eles vão até a fábrica, checam processos, fazem o sujeito assinar contratos rigorosíssimos etc e tal.

Dá para imaginar um manual de um carro trazendo a lista de fabricantes, nomes, telefones, emails de todas as empresas que contribuíram na fabricação daquele produto, para o caso de reclamações futuras?

MARCA é responsabilidade. É um conjunto de valores – tangíveis e intangíveis – que compõem um conceito. E cada vez mais os empresários estão percebendo na prática, como a ZARA, por exemplo, que não basta criar um discurso bonitinho, politicamente correto e uma comunicação dirigida ao mercado de luxo, para simplesmente ser respeitada e percebida como tal. É fundamental exercer, exercitar os atributos que apregoa no papel. Quando esses atributos são criados apenas para fazer figuração, a máscara cai, mais cedo ou mais tarde, provocando um prejuízo na imagem inimaginável.
Prejuízo na imagem não é exatamente ficar “mau na fita”. Diminui o valor da empresa. Esse fato é mais perceptível nas cias abertas, quando as ações demonstram na prática do dia-a-dia as oscilações para cima ou para baixo, por conta disto ou daquilo. Nas demais, o buxixo dos consumidores já é constrangimento suficiente.

As crises institucionais acontecem. É como chuva, uma hora elas chegam. Mas evitá-las ou minimizá-las é fundamental. E prevenir, nesse caso, é acompanhar todo processo de produção, mesmo quando não está sob sua responsabilidade direta. O resto é negligência, omissão e crime.

Em tempo, notícia em 19 de agosto: Inditex ITX.MC> perdió un 3,72 por ciento ante las noticias procedentes de Brasil sobre la fabricación de ropa de la marca Zara en talleres ilegales. [ID:nLDE77H03M]

3 comentários:

Tesourodireto disse...

Prezada Silvana,

a experiência de administrar e superar uma crise como esta vai ajudar outras empresas a não se meterem no mesmo imbroglio da Zara. Pra eles os danos estão feitos, resta saber qual a dimensão internacional que poderá tomar. Nós profissionais de Comunicação temos que estar prevenidos e preparados para eventuais bombas!! Um abraço, Luiz

Insight Corporativo disse...

Olá!
Concordo com a abordagem. Gostaria apenas de acrescentar que, infelizmente, a C&A também está no rol das empresas investigadas por apresentar trabalho escravo em sua cadeia de produção e,contraditoriamente, a rede varejista assinou o Pacto de Erradicaçao do Trabalho Escravo.
Veja a notícia:
http://jovempan.uol.com.br/noticias/brasil/2011/08/seis-marcas-sao-investigadas-por-trabalho-escravo.html

Um abraço, Thaís

Insight Corporativo disse...

Olá!
Concordo com a abordagem. Gostaria apenas de acrescentar que, infelizmente, a C&A também está no rol das empresas investigadas por apresentar trabalho escravo em sua cadeia de produção e,contraditoriamente, a rede varejista assinou o Pacto de Erradicaçao do Trabalho Escravo.
Veja a notícia:
http://jovempan.uol.com.br/noticias/brasil/2011/08/seis-marcas-sao-investigadas-por-trabalho-escravo.html

Um abraço, Thaís