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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

REPÓRTER FALAR DE ASSESSOR É UM PORRE

Primeiro, quero esclarecer que este post não é uma defesa explícita aos assessores de imprensa. Acredito que esta atividade, sozinha, é como enxugar gelo. Se não estiver atrelada à estratégia da marca, é enganação.

Mas quero voltar a um tema recorrente, que é a eterna briga entre jornalistas e assessores de imprensa. Tenho visto coisas medonhas em redes sociais, sobretudo no twitter. Muitos repórteres, na falta do que "postar", lascam a lenha nos assessores, mencionando esta ou aquela conduta.

Claro que tem distorção, como em qualquer atividade. Até, pasmem, nas redações (jornalista nunca erra; no máximo se engana). Tem colunista muito conhecido que desce o malho em assessores de imprensa publicamente, mas para se referir a amigos assessores, usam a alcunha de "escritores". Tá bom.

Hoje recebi de um repórter, por email, uma pauta com 11 perguntas para um cliente. Dez delas não tinham nada a ver com a atividade do cliente, mas serviriam, sim, para "rechear" a matéria. As perguntas eram sobre "outra organização" . Informações, por acaso, fartamente disponíveis no site desta outra organização (preguiça de apurar?). Ou seja, para garantir espaço, eu tinha que "apurar" para o repórter. Isso acontece muito em TV: o produtor liga para o assessor, pede praticamente a produção inteira, depois chega, grava e faz pose de intocável pra torcida. Nem agradece a "colaboração".

Publicamente, repórter odeia assessores (sobretudo porque os bons ganham muito bem). No reservado, no dia-a-dia, um não sobvrevive sem o outro. O comportamento de alguns repórteres, colunistas etc se assemelha muito ao de algumas neo-celebridades que matam a mãe para aparecer e, quando aparecem, se dizem cansados com o assédio.

Receber release é um martírio. Mas conheço muitos que não vivem sem um "rilizinho" pra tapar buraco de coluna. Eles reclamam da quantidade, da qualidade, etc. Reclamam porque assessor liga, porque assessor isso e aquilo. Quando "eles" ligam, geralmente no talo do deadline, os caras têm que se matar para atender: atropelam reunião de cliente, produzem imagens, arranjam outras fontes e por aí vai.

Por isso esse chororô público contra assessores é uma baita hipocrisia, porque a maioria dos que reclamam usam e abusam quando precisam, sem qualquer cerimônia e muitos nem usam as palavras mágicas (muito obrigado). Meu conselho aos "cansados" pelo assédio é:
  • Se o release está mal escrito, joga na lixeira (um clik)
  • Se o release não tem a ver com a sua editoria e você não tem intenção de compartilhar com seu colega, joga na lixeira (um clik)
  • Se o release é non-sense, joga na lixeira (um clik)
  • Se o assessor pediu um ok para confirmar o recebimento, desconsidere, não precisa ter um ataque (é um profissional inexperiente e você também já fez besteiras)
  • Se o cara que te mandou o release não sabe escrever, por que você perdeu tempo lendo?
  • Mas, e se um release bem fundamentado, bem escrito e com uma pauta atraente cair na sua mão, lembre-se de agradecer ao assessor de imprensa. Mesmo que ele ganhe mais que você, e mesmo assim nem seja tão "brilhante" quanto você. Coisas da vida!.

Um comentário:

Bruno Jr. disse...

Silvana:
Conheci o blog a partir de um post apresentado no Linkedin. Aprovo o corajoso posicionamento na apresentação de um tema extremamente polêmico que é a relação 'tapas e beijos' entre repórteres e assessores. O jornalismo como conhecemos, creio, vive uma crise. Desesperados pelas baixas vendas e pelo acesso de uma massa deseducada, crítica e esteticamente, os meios de comunicação batem cabeça à procura de uma fórmula mágica para evitar que o barco afunde. Como grande parte dos "executivos" que dirigem os destinos dessas empresas são indivíduos, inclusive redações, com pouca idade, cultura geral e muita empáfia, o resultado é o acirramento e a divulgação indiscriminada de temas e pessoas que, se analisadas sob um prisma do interesse público e o jornalismo sério, jamais teriam o espaço que têm.E com tudo isso nós, os assessores, estamos no olho do furacão. Assunto que rende outros belos posts como o seu. Parabéns pela lucidez.