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sexta-feira, 20 de maio de 2011

GERENCIAMENTO DA CRISE CHAMADA PALOCCI

A equipe de Palocci contratou uma agência para fazer a gestão da crise que caiu sobre a sua cabeça, após vir a público notícia dando conta de um faturamento de R$ 20 milhões de sua empresa de consultoria. Tudo poderia ser absolutamente normal, não ocupasse ele, à época da consultoria, o cargo de deputado federal. Muito embora R$ 20 milhões de faturamento com consultoria seja um número quase assustador, para os padrões brasileiros.

A operação abafa é a primeira crise grave da gestão Dilma. As empresas que pagaram toda essa grana ao ministro também devem estar com suas salas de guerra montadas. Os nomes Amil e WTorre já vazaram como empresas que contrataram o ex-deputado.

A AMIL foi rápida e a nota emitida para a imprensa foi exemplar (para esses casos): rápida, não fugiu da raia e o conteúdo, se não convence, pelo menos é coerente: explica que contratou o deputado como médico, para palestras sobre a gripe H1N1, na época da gripe suína. Quase cômico, mas tudo bem.
Como em todo Comitê de Crise, a tropa de choque foi convocada. Até o ex-ministro Franklin Martins já está no Palácio do Planalto, entre outros não menos estrelados. Como profissional da área, fico imaginando a estratégia que essa turma vai adotar, se é que vão adotar alguma além da mais eficiente: a saída imediata do ministro da Casa Civil.

Há crises e crises. Essa é daquele tipo “batom na cueca”. Fazer o que? Negar que enquanto dava umas escapadas do Plenário, onde era pago com o dinheiro público, aproveitava o tempo vago para uma consultoriazinha básica para a iniciativa privada? Negar que fornecia informações privilegiadas? Pode até ser que não as usasse, mas como provar isto agora?

Evidentemente o ministro precisa mesmo se cercar dos melhores profissionais de comunicação, nesse momento. Mas de antemão é possível vislumbrar que eles pouco terão a contribuir. Nenhuma estratégia é capaz de minimizar um estrago desse tamanho.

Se fosse na iniciativa privada, a questão já estaria resolvida. Vejamos: o que o presidente de uma empresa faria com um diretor pego vendendo segredo industrial? Demitiria o cara, calcularia os prejuízos e os comunicaria aos acionistas, investidores, opinião pública, etc. Caso encerrado. O que Palocci fez foi muito diferente disto? Difícil, muito difícil engolir a pizza com sabor de deputado que faturou R$ 20 milhões em consultoria para a iniciativa privada sem passar nem umazinha informação privilegiada a estas empresas.

Entretanto, esse Comitê de Crise instalado neste momento em Brasília não é de todo perdido, caso a equipe de crise opte por não fritar o ministro e jogar e crise para debaixo do tapete. Servirá ao mesmo como medida profilática às demais Excelências. Sim, porque comprar um apartamento de R$ 6,6 milhões com honorário de consultoria, enquanto ocupa um cargo público é no mínimo excesso de confiança, burrice ou arrogância. Ou todos os atributos juntos.

Se estivéssemos ainda sob a égide do ex-presidente Lula, o caso teria um desfecho previsível. Ele nunca deu importância a questões éticas e fim de papo. Mas sob Dilma Rousseff o Comitê de crise tem que se esmerar um pouco mais, e convencer a presidente de que, se ela quer efetivamente fazer um governo baseado em práticas corporativas eficientes, o melhor a fazer, para o bem dela e do País, é atirar Palocci de cena e impor um tiquinho de moralidade naquela bagunça.

Um comentário:

Anônimo disse...

Otimo texto.. Parabens!!