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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

UMA PÉROLA FABRICADA PELO FUTEBOL BRASILEIRO

Os orientais preconizam que as crises são oportunidades. Oportunidades para aprender poderia ser uma alternativa viável. Não é o caso do Flamengo. Não aprendeu nada com a crise do goleiro Bruno. Agora o protagonista é outro: Ronaldinho Gaúcho.

O jogador acaba de criar uma nova modalidade de entrevista coletiva: ele só responde o que quer e o que lhe convém. Clube e patrocinadores compactuam, por enquanto. Ricardo Boechat, âncora da Rádio Band News FM já deu o tom, logo pela manhã: “proponho um boicote a esta palhaçada”.

Evidentemente Ronaldinho sabe que fez um papel muito feio durante as negociações com times brasileiros para voltar a jogar no Brasil, depois de ser declarado na bacia das almas na Europa. Por isso, com as bênçãos do clube, dos patrocinadores e de seu irmão-agente-assessor de imprensa resolveu tripudiar mais um pouco (como se não tivesse sido pouco).

Ele resolveu (se é que ele tem capacidade e poder para resolver alguma coisa) que responderia apenas a perguntas pré-selecionadas. Ou seja, ele fala apenas o que lhe convém. Em termos práticos, esse é o pior caminho para tentar reiniciar um relacionamento com a imprensa brasileira. Ou fala ou não fala. Responder apenas o que quer pode ser o caminho mais fácil para ouvir o que não quer e não precisa nesse momento da sua carreira.

Muitos dirão que com o dinheiro que está ganhando não precisaria falar nada. Muito raso isso, porque na condição dele (não está jogando nada) a imagem é seu principal trunfo para manter quente sua relação comercial com patrocinadores, e ele vai precisar muito da simpatia da imprensa para continuar alimentando a aura de mito.

Ele começou mal negociando mal com os times brasileiros; continua mal infringindo regras do bom relacionamento com a imprensa e por tabela com a opinião pública. Certamente os erros iniciais estão virando uma bola de neve, e, novamente, a presidente do clube, Patricia Amorim não teve a devida firmeza para colocar ordem na casa. Os jogadores continuam fazendo flamengo de gato e sapato!! Nas crises, o papel da liderança é fundamental para estancar os focos de incêndio. Amorim mostra que a lição número 1 não valeu nada.

Coisas do futebol, que continua abrigando gente despreparada, cujo único sustentáculo é o prestígio. Patricias, irmãos agentes-assessores e faz-tudo, cartolas: o resultado é que a meca do futebol vai virando o cemitério dos aposentados. Mas enquanto imprensa e torcedores aplaudirem, muito dinheiro ainda vai rolar debaixo dessa ponte.

2 comentários:

Carlos Eduardo de Carvalho disse...

Concordo em partes:
Primeiro que esta nova "modalidade" de entrevista é ridícula mesmo..
Mas ai pergunto:
Porque os jornalistas simplesmente não se levantam e vão embora ?
Reclamar depois é fácil, mas todos querem, por menor que seja, ter uma palavra dele. E pagam mico por isso SIM !
O cara é craque de bola,(foi eleito o melhor do mundo)principalmente se comparado com vários que temos jogando.
Trazem o monstro, dão comida e depois querem mata-lo !!
Nossa imprensa vive de desgraça e é pobre, com raros casos de seriedade.

Adriano Berger disse...

Excelente crítica, Silvana. Uma pessoa que hoje deveria investir na imagem, pois o futebol está questionável, cometeu erros grosseiros de diversas natureza:

1 - O Flamengo é de longe um clube recomendado, nesse momento, para promover alguém;
2 - O treinador Luxemburgo não é capaz de treinar um time com um jogador de destaque na mídia fotebolística. Basta olhar seu histórico... Ronaldinho corre o risco de esquentar banco;
3 - O Flamengo está com os salários atrasados desde novembro... Gaúcho vai desestabilizar o humor do elenco em pouco tempo e será boicotado;
4 - A negociação com o Grêmio, clube respeitado e onde o jogador seria tolerado por um possível futebol decadente, tornou-se um leilão deixando de ser oportunidade para ambos (clube e atleta).

Em outras palavras, Ronaldinho está pessimamente assessorado num momento crucial onde deveria promover sua imagem e seu futebol. Não conseguirá nem uma coisa e nem outra... o triste fim de um ex-craque, que nem terá direito a asilo na terra que o projetou.