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quarta-feira, 20 de abril de 2011

A AREZZO CAPITULOU

A Arezzo capitulou. Mesmo esperneando acerca de sua liberdade sobre a marca; sobre não ser sua a responsabilidade pela proteção aos animais, blábláblá, retirou o produto e a campanha de circulação. Pesou a grita geral, sobretudo nas redes sociais, Twitter e Facebook encabeçando a lista, ferramentas que as empresas, aos poucos, vão aderindo às suas estratégias de comunicação, a maioria ainda muito a contragosto.

Na tentativa de nadar contra a corrente para imprimir vanguardismo, subestimando o peso dos formadores de opinião e, sobretudo das redes sociais, passou quase um dia inteiro tentando justificar o injustificável, para então ceder ao óbvio. O argumento capital do lucro não comoveu.

Uma aposta tão alta provoca a minha curiosidade sobre a real, verdadeira e genuína intenção dos profissionais que criaram e sustentaram a estratégia. Provocar o consumidor? Parecer moderninho? Provar que os movimentos sociais não estão com a bola tão cheia? Provar que a marca é deles e que, portanto fariam dela o que bem entendessem? Mostrar que existe uma parcela de consumidores dispostos a correr o risco? Criar um nicho antipático para uns, mas absolutamente aderente a outros? Ser diferente?

Estar à mesa dessa negociação deve ter sido uma diversão e tanto. Mais divertido ainda deve ter sido o clima na “sala-de-guerra” montada para dissipar o furação que veio a reboque do lançamento. Quão eloquente teria sido o pai da ideia, para que a engrenagem de uma marca forte como Arezzo se mobilizasse em torno de um risco tão grande? Quais foram seus argumentos? De qual cérebro surgiu a brilhante ideia? Do topo da pirâmide? Do marketing? De todos? Houve voz dissonante? Como olharam para ela? como estará essa voz, agora?

Seja qual for a resposta a cada uma das dúvidas que a maioria dos marqueteiros formulou ao longo de todo dia que se seguiu ao lançamento, nenhuma delas foi forte o suficiente para brecar a fúria de ambientalistas, consumidores ultrajados e redes sociais em polvorosa. Poderiam ter dormido sem essa, gastado muito menos e ficado sem essa mancha no portfólio.

6 comentários:

Anônimo disse...

O mais curioso é que o valor da ação não sofreu um centavo... De nada adiantou tanta gritaria.

Silvana Destro disse...

Arezzo não é blue chip. Mas mesmo assim os caras tiraram a campanha e os produtos de circulação.

Palavra Amiga disse...

A Arezzo pisou na bola e ponto final!

Não dá pra tapar o sol com a peneira agora e dizer que o culpado pelo terremoto no Japão foi o seu João que bateu com o ônibus no semáforo da Av. Paulista.

Eu já não gostava da marca mesmo... aproveitei para enterrar de vez. A questão não são os produtos, mas a postura da empresa.

E eu também queria ser uma mosquinha para poder ver como foi que as coisas ficaram depois e o que aconteceu com os "crânios" que criaram essa idéia idiota.

Paz e Bem!

Dani disse...

Tb me pergunto: quem criou e como convenceu alguém a apostar no risco. Até porque o poder das midias sociais não é algo que surgiu ontem, ainda mais pra uma empresa que, acredita-se, tem um departamento de marketing, no minimo, razoável.
Gostei muito da velocidade de resposta do consumidor e de pessoas antenadas na questão do meio ambiente, acho que esse é o caminho pra que o consumidor seja mais consciente de seu poder e de seu papel frente aos problemas do planeta.

Quim Alcantara disse...

Mesmo sendo uma empresa aberta, ela tem que aprender a lidar com uma nova situação. Em época de comunicação social em alta, não são só mais os proprietários ou acionistas que ditam as regras nas empresas, mas também o mercado e os próprios clientes.
É o que chamo de "democracia empresarial", e toda empresa terá que aprender a lidar com isso incorporando novos conceitos e pontos de vista.
Abs, Quim Alcantara
http://www.logodesigner.com.br

Paulo Tuba disse...

Quanto desta polêmica não foi criada e alimentada por consumidores que nem sequer são clientes da marca? Pessoas que nunca adquiriram qualquer peça Arezzo? Há aqui uma flagrante sobrevalorização das redes sociais, sim! As opiniões veiculam com maior rapidez e os "virtuais" tratam, naturalmente, o seu mundo virtual como o mundo real de todos nós.
Estarei errado? Acho que não. Quantos dos críticos impediriam uma amiga de entrar numa festa sua, ou deixariam de se relacionar com alguma amiga por ela usar uma peça Arezzo Pelemania?
Conhecem alguém que terminaria uma amizade, namoro ou casamento por isso?