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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Sergio Cabral insiste em atirar no próprio pé

Peça de apoio aos Bombeiros do RJ
que circulou pelas redes sociais à exaustão
Gestão de crise é a arte de equilibrar interesses. Medir forças, pirraça, tentar prevalecer posições pessoais só faz piorar o ambiente em crise. Compor é a palavra-chave que abre as portas para o entendimento e arrefecimento das turbulências.

TODOS os líderes que optaram por esse caminho, perderam. O ex-presidente da BP, gigante do petróleo, caiu quando pediu sua vida de volta no auge de um dos maiores vazamentos de óleo da história. Ele esqueceu que, ao aceitar um salário milionário para tocar a Companhia, os infortúnios estavam incluídos no pacote. Com Palocci foi a mesma coisa. A miopia que costuma cegar alguns governantes pegou o ministro de frente, e o impediu de enxergar que as marcas/instituições são mais fortes do que as “personas”. O resultado foi um sangramento no coração do governo gravíssimo,  que poderia ser evitado se ele tivesse, primeiro, uma boa consultoria em gestão de crise e, segundo, que seguisse os conselhos dessa assessoria: sair de cena o mais rápido possível. O passivo do ministro ainda é latente na memória da opinião pública, que dificilmente lhe daria uma terceira chance.
O brilhante Roger Agnelli, ex da Vale, bem que tentou. Usou estratégias quase brilhantes, mas perdeu por excesso de confiança. Bateu o pé, ignorou solenemente as forças contrárias, entendendo que seus acertos e vitórias anteriores garantiriam sua posição.

A maioria dos políticos brasileiros, e muitos empresários, ainda não entenderam essa premissa e continuam agindo como se o cargo fosse prerrogativa para privilégios individuais. Na crise, esse comportamento só faz aumentar ainda mais a intensidade da fogueira. É como jogar gasolina na brasa incandescente. Domingo passado, mais um político enfiou o pé nessa jaca,  para provar essa tese: o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral.
Comportando-se como um adolescente rebelde, costuma agir por impulso e com o fígado. Pratica xingamentos em público como se na sua casa estivesse, sem dar a mínima para a liturgia do cargo. Em todas as crises que surgiram em sua gestão, tratou dos temas como se tratasse de uma partida de futebol, querendo fazer prevalecer suas posições pessoais, às quais, sabe-se, são na maioria das vezes muito duvidosas quanto às intenções.

A atitude de Sergio Cabral em relação à rebelião dos Bombeiros conseguiu colocar a opinião pública totalmente favorável a eles, em que pese os métodos utilizados para chamar atenção para a causa. População, formadores de opinião, redes sociais, enfim, tudo e todos já se manifestaram em favor dos Bombeiros, e contra as medidas do governador. Eles ganharam a simpatia dos públicos de interesse, introduziram um símbolo à campanha – uma fita vermelha – e certamente vão ganhar essa batalha. Aliás, seja qual for o resultado, eles já ganharam, tendo em vista as manifestações em favor de suas causas.
Acuado, o governador se recolheu e está evitando falar publicamente sobre o caso. Previsível, tratando-se de quem é. Agora é tarde, e a fita vermelha já ocupa o braço de milhares de pessoas comuns, outras nem tão comuns, outras tidas como importantes formadoras de opinião.

Sem dúvida a inabilidade do governador nesse caso – e outros que ele proporcionou em seus recorrentes shows midiáticos – será uma ferramenta e tanto para a oposição durante as eleições. Cabral conseguiu contrariar todas as regras que regem os manuais de crise: ignorou a opinião pública, a força do adversário, repeliu possíveis aliados e nem tentou construir sua própria rede de proteção. Achou que sozinho, com truculência, atrairia para si a liderança do caso. Ficou sozinho na estrada, com cara de bobo. Como sempe.

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