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quarta-feira, 30 de março de 2011

ATÉ A COMUNICAÇÃO TEM LIMITE (E PRECISA DE ÉTICA)

Na era das redes sociais, onde tudo pode virar público e grande parte das pessoas que lá estão tende a se sentir uma celebridade – tem gente publicando a hora que acorda, o cardápio do almoço, a agenda do dia e até o trajeto percorrido – as revistas qualificadas como “de celebridades” têm tido que rebolar para gerar o furo nosso de cada dia; as celebridades idem, em busca do espaço que lhes cabe.

Não deve ser fácil conquistar o espaço tão desejado nas páginas de tais publicações, dado o volume dramático da concorrência. Nos três primeiros meses, então, a coisa complica, porque os BBB’s, suas famílias e amigos entram nesse tipo de publicação às toneladas.

Fico imaginando como deve ser a vida dos assessores de imprensa desse público: fazer um release – e distribuí-lo – na tentativa de transformar em noticia uma ida ao shopping deve ser de doer na alma.

A superação de todas as expectativas nessa área caiu em cheio no colo da revista Caras neste fim de semana, quando uma atriz, antes de por fim à própria vida, enviou uma carta à redação, explicando seus motivos.

Tecnicamente era um release. Talvez ela não tivesse assessoria de imprensa ou o assessor estivesse dormindo àquela hora, e então resolveu botar a mão na massa e dar conta do serviço.

Já vi de um tudo nessa área: ex-marido de atriz ligando para redação avisando que está chegando ao aeroporto com a nova namorada; executivo pedindo para assessor avisar a imprensa que ele vai almoçar em tal restaurante, a tal hora, com tal companhia, e por aí vai. Agora, avisar uma publicação que vai cometer suicídio, explicando os motivos, eu nunca tinha visto.

Como era previsível, a revista carregou nas tintas e o mais prejudicado (o ex-marido da atriz) resolveu tomar providência e exigir que o incluíssem fora dessa. Evidentemente foi acusado de censor. Tentando um papel de vítima, a revista se colocou na condição de censurada e clama pela liberdade de imprensa.

Uma pessoa aparentemente perturbada querer fazer do próprio suicídio um grande acontecimento mundial é, até certo ponto, compreensível. Um veículo comprar a ideia e ainda se colocar no papel de vítima é, no mínimo, o máximo do mau gosto. Faltou ética da revista e bom senso dos editores.

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