Numa palestra há três semanas, eu lembrava aos ouvintes que uma crise institucional pode atingir, em diferentes graus, pessoas, empresas, ONG's, clubes de futebol etc. O caso do goleiro Bruno ainda não tinha ganhado tanta força.
Pois temos aí, nesse caso, um exemplo de crise clássica em um grande clube de futebol, que por acaso abriga a maior torcida do País. Pois bem, a maionese desandou e Patricia Amorim, na qualidade de presidente do Clube, não conseguiu domínar o meio de campo. Uma instituição pode ou não ser atingida por uma crise, em maior ou menor grau, conforme for a sua capacidade de se antecipar aos fatos e adotar a atitude mais adequada e favorável à sua imagem.
Em situação de crise não se espera a evolução dos fatos. Toma-se atitudes. Patricia Amorim amoleceu. Esperou demais e não afastou o goleiro, tão logo surgiram os primeiros boatos de desaparecimento de sua amante. Permitiu que o assédio da imprensa ao goleiro fosse feito durante os treinos, nas dependências do próprio clube.
Ok, o Flamengo não é o Bruno. Mas o Bruno é (ou era) o Flamengo. Desvincular o quanto antes a imagem de um e outro era de fundamenal importância à imagem do Clube, sobretudo para se preservar de um fato de tal magnitude. Em segundo lugar, como resposta enfática à opinião pública, acerca de sua plena isenção ao fato, mas principalmente, para evidenciar que não corrobora com a violência, e estava, sim, em campo absultamente neutro.
Entre os primeiros boatos e o efetivo afastamento do jogador foi quase um mês. No dia em que as Polícias do Rio de Janeiro e Minas Gerais já consideravam o goleiro como foragido, o Flamengo ainda estava reunindo uma Comissão para decidir sobre seu afastamento.
Movimentação lenta, decisões tardias e patinação. O Flamengo não foi envolvido diretamente, mas um dos seus princpais quadros foi. Isso já era o bastante para uma tomada de decisão ágil, enfática e enérgica. O Flamengo perdeu uma grande chance de mostrar uma atitude firme conta a violência, já que declarações anteriores do (ex) atleta apontavam uma personalidade no mínimo difícil (para defender o colega Adriano, disse à nação que todo homem já tinha, alguma vez, dado uns tapas numa mulher).
Presidir uma organização, seja ela empresarial, esportiva, governamental etc, significa olhar as questões por todos os ângulos e agir na defesa dessa instituição, mesmo que em detrimento de seus quadros, quando a dúvida ainda é a única certeza. É preciso um olhar inquieto, recorrente, sistêmico e sobretudo ágil para analisar o comportamento de seus quadros e colaboradores, estabelecer valores sociais e morais e difundi-los entre seus integrantes.
O futebol como negócio é leniente. Aposta no "jeitinho brasileiro" e não adota as melhores práticas de gestão, por inépcia ou comodismo. No caso do goleiro Bruno, o Flamengo deixou a bola correr muito solta; agiu como se o (ex) atleta não fosse membro da agremiação. Ingnorou as evidências e tirou o jogador de campo aos 47 do segundo tempo. Perdeu a chance de mostrar uma outra cara: moderna, arrojada e comprometida com os valores sociais a que pertence.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
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