Em que pese a importância sócioeconomica da Copa do Mundo, tanto FIFA quanto CBF ainda não perceberam que falta um profissional capacitado na área de Relações Públicas na equipe brasileira deste Mundial. Profissional independente, sem partido e sem time.
Observando os últimos fatos que envolvem a imprensa brasileira e o técnico Dunga, essa necessidade fica mais evidente. A briga lembra um cabo de guerra, disputado milímetro a milímetro entre toda cadeia de interesses envolvidos. Só ficam de fora, boquiabertos, o torcedor e o anunciante, aqueles que, efetivamente, pagam a conta e para quem é dirigido o espetáculo.
Urge, portanto, a introdução de métodos acadêmicos modernos de relações púbicas à estrutura da FIFA e CBF. Nesse caso, à CBF particularmente, porque não consegue conter o conflito estabelecido entre o técnico e alguns setores da imprensa. O ideal seria que se integrasse à equipe um profissional habilitado em gestão de crises institucionais. Havendo ou não crise, estaria ele lá, a postos e preparado para acionar seu ferramental, a qualquer momento de dificuldade.
Esse profissional não poderia cair de paraquedas na Africa ou onde quer que uma Copa se realize. Ele deve fazer parte da equipe -- identificando brechas, abrindo caminhos, mediando conflitos -- assim como os médicos, os fisioterapeutas e os psicólogos.
Ele deve fazer parte do cronograma desde a montagem da equipe. Deve ser um profissional indepedente, aceito por todos os interessados. Ao assinar um contrato para dirigir o Mundial, a equipe técnica, incluindo o treinador, deve estar ciente e concordante da presença desse profissional de RP, respeitá-lo e acatar suas recomendações como acatam as recomendações de médicos e nutricionistas.
Alguns podem lembrar que a CBF conta com profissional competente respondendo pela assessoria de imprensa. Concordo, mas ele não tem as feramentas de relações públicas; é jornalista e, tudo indica, já adotou seu lado na questão e esse lado não é o lado de Dunga. Assessor de imprensa, além de ser uma figura retrógrada, não é exatamente um mediador de conflito. Ou ele toma o partido do cliente ou da imprensa. O mediador de conflito analisa os fatos e propõe solução.
Alguém precisa informar ao técnico que um time para um mundial deve funcionar como uma empresa e ele, como CEO dessa organização, deve respeitar regras, cumprir protocolos e gerar os dividendos (ganhar a Copa). Dunga está conduzindo a Seleção Brasileira com o fígado e isso não é bom para ele, tampouco para a CBF, nem é bom para o torcedor ou o anunciante.
Avaliando a conduta de Dunga, fica evidente que ele recebeu instruções expressas para conter a farra do boi que foi o Mundial anterior, onde a imprensa brasileira deitou e rolou como bem entendeu sobre a agenda dos jogadores: qualquer hora, qualquer dia. Obviamente, parte daquela derrota deve-se à absoluta falta de disciplina. Queiramos ou não, empresas funcionam quando têm disciplina, políticas claras de relacionamento com seus públicos etc.
Tudo indica que o Dunga topou, portanto, ser o escudo humano da Seleção Brasileira. Porém, ele está conduzindo a crise pelo enfrentamento, sobrepondo a emoção a todo e qualquer outro argumento técnico que pudesse atenuar o conflito.
Um profissional habilitado em gestão de crise daria ele feramentas mais condizentes ao cargo que ocupa nesse momento, evitando o confronto aberto e explícito, promovendo a disciplina em ambos os lados. Paiva perdeu o controle porque "comprou" as dores da imprensa e, como bom jornalista que é, sem perceber transfere para seu trabalho suas preferências pessoais. A liderança que ele poderia imprimir nesse conflito foi diluída pelo poder de Dunga. E, sabe-se, a liderança deve ser exercida pela autoridade e não pelo poder.
Seja qual for o resultado desse evento para o Brasil, ficará na lembrança de todos os torcedores a figura de um Dunga rancoroso e vingativo que, claro, a imprensa, mal atendida e mal conduzida, faz questão de reforçar esses atributos. São aspectos, portanto, que nada contribuem para o investimento que o anunciante depositou no evento.
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