Páginas

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Proteger a marca “Governo”

Há quase um mês, quando postei o primeiro texto sobre a  “crise Palocci” o ministro tinha acabado de contratar uma agência de comunicação para fazer o gerenciamento da crise. Não, não foi a minha agência, mas como exercício profissional, passei a analisar a questão mais tecnica e menos apaixonadamente: meu diagnóstico foi de que naquela circunstância, a única solução era o afastamento do ministro como medida para conter a sangria que já se anunciava, e proteger o governo – uma marca recém-inaugurada no mercado, e que precisa uma considerável rede de aliados (e aqui não falo de partido, e sim de pessoas que pensam o País, efetivamente).

Em todos esses dias de crise, que vem arrastando consigo o prestígio da presidente Dilma, expondo mais uma vez as vísceras do governo, muita besteira foi cometida na tentativa de manter Antonio Palocci à frente da Casa Civil. Ações tão inúteis quanto enxugar gelo. Aliás, a maioria delas absoluta e completamente dispensáveis, como a intervenção do ex-presidente Lula, que jogou no lixo o frágil prestígio que a presidente Dilma conquistara em cinco meses de governo.

Em crises institucionais, sejam elas na iniciativa privada ou governo, o tempo é o melhor – ou pior – aliado. Quanto antes se reconhece a crise, e atua-se sobre ela, mais depressa ela se dissipa. O governo fez a aposta errada, contou com o tempo e a possibilidade de fatos que sobrepusessem Palocci. Difícil, muito difícil.
Nesse caso, parece que a marca, o conceito e os valores são o que menos importam para a equipe que está à frente desse governo e deste suposto grupo de gerenciamento de crise. Preservar Palocci é mais importante do que fazer a máquina funcionar. O preço tem sido muito alto para o governo e ainda não sabe até quando a estrutura a pressão. Talvez em algumas horas ele esteja fora do governo, mas o estrago já foi feito. Poderia ter sido muito mais fácil, e menos oneroso para o Planalto. Mas esses “gestores” pouco se importam com eficiência da máquina. Importa o poder. O cidadão (cliente que paga a conta) que se lixe. A Dilma já mostrou que não sabe administrar o pós-venda.

Nenhum comentário: