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quinta-feira, 14 de abril de 2011

JORNALISTA PODE SER UM BOM RP?

Hoje, no twitter, Caio Tulio Costa, jornalista competente, consultor de mídia digital, professor e sócio de agência, disponibiliza um artigo bacana, sobre a questão do jornalista que vira Relações Públicas. E pergunta: jornalistas podem ser bons RP’s?

No artigo (clique no título para acessá-lo), o autor lista uma serie de vantagens, entre elas o fato de que o jornalista sabe escrever (release ruim nem é lido) e, principalmente, sabe identificar o que é ou não é uma notícia (o cliente tem distorções homéricas).

Concordo com todos os pontos defendidos pelo autor, e acrescentaria mais um, que considero fundamental, e determina o perfil do profissional: ter ou não vergonha de desempenhar as funções de RP.

Por mais incrível e esdrúxulo que possa parecer, isso existe sim. Já vi profissionais assinando contrato com um cliente e, por constrangimento, colocam um “laranja” na linha de frente do atendimento mais crítico. Vi isso em alguns casos de gestão de crise, por exemplo, onde a fonte/cliente não era exatamente um “darling” no mercado.

Alguns jornalistas, sobretudo aqueles que já passaram por grandes redações, têm uma tendência nefasta de achar que são melhores que outros profissionais de comunicação. Isso é até mais forte quando são egressos deste ou daquele veículo.

Ser jornalista e desempenhar funções de RP não é para qualquer um, é fato comprovado. A sensibilidade é o primeiro atributo necessário para o desempenho satisfatório. Despojar-se de preconceitos é o segundo e, finalmente, ter a consciência de que assessoria de imprensa, pura e simplesmente, já era, acabou.

Se o sujeito não tiver conhecimento de toda cadeia de comunicação, vai passar a vida enxugando gelo. Passa um release hoje, amanhã tem que ter outro. Em nome disto, algumas agências até já remuneram o profissional por volume de clipping. Eu continuo privilegiando a qualidade. E a toda cadeia entende-se olhar dentro e o entorno do cliente/empresa/fonte e descobrir um posicionamento. E se ele, o jornalista/RP tiver constrangimento/preconceito nesse olhar, ou não tem habilidade técnica, ou é incompetente. Ou ambos. Pode ser também um frustrado, que adoraria estar ainda na redação, mas não aguenta o tranco dos horários, viagens e salário menor.

Isso explica porque muitas empresas ainda relutam na contratação da comunicação. A enganação ainda é muito praticada no mercado brasileiro: ora por desconhecimento da fonte, ora por má fé do profissional de comunicação. Lamento.

2 comentários:

Jéssica disse...

Jornalistas podem ser bons RP's?

Acredito que haja mais uma questão nas entrelinhas desta questão.

Hoje é muito discutido a questão dos Relações Públicas estarem nas Assessorias de Imprensas, supostamente fazendo trabalho de jornalistas e "tomando" seus lugares no Mercado. O que na maioria dos casos, eu identifico até mesmo como falta de conhecimento sobre o trabalho de um Relações Públicas. Porque ser Relações Públicas não requer somente escrever bem. O trabalho de um RP vai muito além das funções que lhe podem ser atribuídas dentro de uma Assessoria de Imprensa e não toma de forma alguma o espaço de um jornalista.

Se fosse possível de fato um Jornalista desempenhar com excelência as funções de um profissional de Relações Públicas, o curso de RP dentro das Universidades poderia ser facilmente invalidado. A questão é que o embasamento teórico do curso não é o mesmo do curso de Jornalismo e por mais que insistam neste ponto, não se aprende a ser Relações Públicas com a vida.

A "rixa" de profissionais completamente distintos atuando na mesma área só prejudica o desenvolvimento da comunicação social e de nossas profissões. Temos problemas maiores para nos preocuparmos enquanto comunicadores além de discutirmos “qual quadrado é de quem” dentro do ramo da comunicação.

É mercadologicamente comprovado que hoje a comunicação precisa ser integrada. Mas para que a comunicação integrada seja realmente eficiente, é necessário que profissionais trabalhem em áreas nas quais são especialistas. Eu enquanto futura relações públicas, não me atreveria a “invadir o território jornalístico” das redações e me considerar Jornalista só por escrever bem, porque acredito que isto seja inclusive questão de ética profissional. Tenho muito mais a acrescentar exercendo minhas funções enquanto Relações Públicas e não gastando esforço e tempo tentando ser uma Jornalista.

Acredito que a discussão sobre este tema seja desnecessária. Já que todos os ramos da comunicação social têm o seu papel e o seu peso na sociedade atual.Deveríamos investir conhecimento em descobrir novas formas de vincular capacidades das duas áreas para trabalharmos em conjunto e fazer da comunicação algo que seja realmente integrada.

Silvia disse...

Olá Silvana,

Acho que se o profissional for competente pode sim desempenhar bem essa função.

Seu post falou bastante do que se vê nas agências. Outro talento necessário pra quem trabalha com assessoria é fazer o cliente entender que quantidade de clipping não significa trabalho de qualidade. Outra coisa: muitas vezes a empresa precisa se organizar internamente para que só então um bom trabalho com a imprensa possa ser feito.