Encerramos a semana com mais uma pérola da série “se-não-tem-o-que-dizer-melhor-ficar-quieto”, protagonizada pelo jornalista Caio Blinder , no programa Manhattan Connection. Achando que liberdade de imprensa é o direito de sair ofendendo a todos com quem antipatiza, o jornalista chamou de piranha uma realeza da Jordânia.
É a terceira ou quarta vez que uso esse espaço para comentar fatos que mostram quão cuidadoso deve ser um profissional ao emitir opinião quando no exercício da profissão. Ele passa a dividir a responsabilidade desta opinião com o seu empregador. Portanto, foi à GNT, emissora que transmite o programa, que o governo jordaniano reclamou. Quando um sujeito porta um crachá, um cartão de visita ou um microfone, ele fala sempre em nome do logotipo estampado nesses canais.
O último caso semelhante aqui relatado foi a infeliz frase do presidente (brasileiro) da B.King, afirmando publicamente que a comida inglesa era terrível e as mulheres de lá não são atraentes. Recebi uma porção de e-mails a respeito, muitos deles afirmando que ele apenas havia sido franco, falado a verdade. Nesse caso devo lembrar que um executivo, sobretudo do nível dele, devem primar pela ética e etiqueta corporativa. Eles são o espelho das companhias que representam. Portanto, falar a verdade, com ofensa ou agressão a culturas alheias é absolutamente dispensável.
Outro e-mail sobre o B.King dava conta de que o fato não seria suficiente para manchar a imagem do executivo. A este eu remeto o caso da Vale (mineradora). Quando ainda se especulava sobre o nome que iria ocupar o lugar de Roger Agnelli, uma das fortes alternativas era um profissional com extrema habilidade para lidar com situações críticas, segundo palavras de um caçador de talentos bem famoso e influente, publicada no jornal. Mas Caio Blinder ultrapassou todos os limites. Foi grosseiro, mal educado, machista, prepotente e arrogante.
Chamar uma mulher de piranha no ar é de extremo mau gosto. Quando essa mulher é representante de um país, é pior ainda: é falta de respeito e desconsideração à cidadania Talvez ele o faça com frequência em casa, entre seus familiares e amigos, dada a facilidade com que articulou a expressão, mas em público, escondido atrás de uma emissora de televisão, sem dar à vítima da agressão o direito de defesa, foi também um ato covarde. Assédio moral, pura e simplesmente. Já risquei esse programa da minha grade de preferência. Isso não fará a menor diferença ao Caio e à emissora, eu sei. Mas fará para o meu próprio bem estar.
P.S.1 - O caldo sempre engrossa quando as pessoas começam a se atribuir muito mais importância do que realmente têm, e perdem a noção do espaço que ocupam. Semana passada a atriz Carolina Dickmann declarou que seus filhos não assistem TV aberta. Em seguida levou um esbrega, pelo twitter, do autor de novelas Walcyr Carrasco. Ora, segundo ele, deve ser muito triste trabalhar num veículo que nem ela suporta, mas que lhe deu projeção e notoriedade para futurar alto com publicidade. Resumo da ópera: ela passou a semana se explicando. De novo: A internet nos impõe pensar, muito, antes de dizer qualquer coisa. Assessores, olho vivo no discurso do cliente.
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