Eu ainda era foca numa revista especializada em propaganda (isso já vai mais de 25 anos) e já ouvia "especialistas" decretando o fim do rádio com a força da televisão. Essa discussão começou bem antes, logo que a TV surgiu no Brasil. Aos poucos todo mundo percebeu que ninguém engoliu ninguém. Canais de comunicação não morrem; o que há é substituição de tecnologia: a fita cassete, a máquina de escrever, (o fax ainda funciona em algumas atividades) e por aí vai...
Mas não é a opinião do Plinio de Arruda Sampaio. Cumprindo à risca a estratégia de manter o nome na roda, esta semana ele decretou o fim da televisão, que, na sua opinião, será substituída pelo twitter. Ele adorou a brincadeira, evidentemente. O que mais me espanta é que alguns veículos ainda cravam uma besteira dessa como pauta e dão o espaço tão almejado pela fonte. Menos Dr. Plínio. Tem tantas coisas mais importantes e sobre as quais o senhor conhece muito mais, por que ficar no raso?
Não entendo a ânsia das pessoas em querer matar uma coisa para que a outra possa entrar, se a própria dinâmica social tem nos mostrado o contrário: a infinita capacidade do ser humano em agregar, somar, adaptar-se a novos conceitos, sem, necessariamente, abdicar de velhos métodos, que ainda nos são confortáveis.
Lembro-me até com muito humor quando vi pela primeira vez meus filhos conversando -- via MSN -- com 30 amigos simultaneamente. Francamente nunca me passou pela cabeça que aquilo os faria abandonar o celular, os encontros nos "points" ou qualquer coisa que o valha. Espanto foi pela agilidade mental dos caras, a capacidade de se adaptar a uma nova midia tão rapidamente, sem abrir mão das demais que já utilizavam. Me deu até uma certa inveja (eu só aderi àquela mídia tempos depois: medo, vergonha de não saber mexer direito....coisa de gente da minha geração).
Não que o MSN não tenha conquistado os catastróficos de plantão. Sobre ele ainda caem críticas a despeito da redução das palavras, dos neologismos, abreviações "que vão acabar com a língua portuguesa", e os bla-blá-bla de sempre.
Ao modernissimo, mas chato pra xuxu, Plinio de Arruda Sampaio, garanto: o twitter não vai substituir a TV, o MSN não vai acabar com a lingua portuguesa etc e tal. O que vai acabar -- um dia -- é a paciência do povo brasileiro com políticos que insistem em subestimar nossa capacidade de entendimento, com discursos vazios e teses ultrapassadas. Essas sim, estão com os dias contados.
Um comentário:
Silvana, o Dr plinio melhor do que ninguém deveria saber que as midias sobrevivem. Ele assistiu a substituição do papiro por papel...
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