Mas quero voltar a um tema recorrente, que é a eterna briga entre jornalistas e assessores de imprensa. Tenho visto coisas medonhas em redes sociais, sobretudo no twitter. Muitos repórteres, na falta do que "postar", lascam a lenha nos assessores, mencionando esta ou aquela conduta.
Claro que tem distorção, como em qualquer atividade. Até, pasmem, nas redações (jornalista nunca erra; no máximo se engana). Tem colunista muito conhecido que desce o malho em assessores de imprensa publicamente, mas para se referir a amigos assessores, usam a alcunha de "escritores". Tá bom.
Hoje recebi de um repórter, por email, uma pauta com 11 perguntas para um cliente. Dez delas não tinham nada a ver com a atividade do cliente, mas serviriam, sim, para "rechear" a matéria. As perguntas eram sobre "outra organização" . Informações, por acaso, fartamente disponíveis no site desta outra organização (preguiça de apurar?). Ou seja, para garantir espaço, eu tinha que "apurar" para o repórter. Isso acontece muito em TV: o produtor liga para o assessor, pede praticamente a produção inteira, depois chega, grava e faz pose de intocável pra torcida. Nem agradece a "colaboração".
Publicamente, repórter odeia assessores (sobretudo porque os bons ganham muito bem). No reservado, no dia-a-dia, um não sobvrevive sem o outro. O comportamento de alguns repórteres, colunistas etc se assemelha muito ao de algumas neo-celebridades que matam a mãe para aparecer e, quando aparecem, se dizem cansados com o assédio.
Receber release é um martírio. Mas conheço muitos que não vivem sem um "rilizinho" pra tapar buraco de coluna. Eles reclamam da quantidade, da qualidade, etc. Reclamam porque assessor liga, porque assessor isso e aquilo. Quando "eles" ligam, geralmente no talo do deadline, os caras têm que se matar para atender: atropelam reunião de cliente, produzem imagens, arranjam outras fontes e por aí vai.
Por isso esse chororô público contra assessores é uma baita hipocrisia, porque a maioria dos que reclamam usam e abusam quando precisam, sem qualquer cerimônia e muitos nem usam as palavras mágicas (muito obrigado). Meu conselho aos "cansados" pelo assédio é:
- Se o release está mal escrito, joga na lixeira (um clik)
- Se o release não tem a ver com a sua editoria e você não tem intenção de compartilhar com seu colega, joga na lixeira (um clik)
- Se o release é non-sense, joga na lixeira (um clik)
- Se o assessor pediu um ok para confirmar o recebimento, desconsidere, não precisa ter um ataque (é um profissional inexperiente e você também já fez besteiras)
- Se o cara que te mandou o release não sabe escrever, por que você perdeu tempo lendo?
- Mas, e se um release bem fundamentado, bem escrito e com uma pauta atraente cair na sua mão, lembre-se de agradecer ao assessor de imprensa. Mesmo que ele ganhe mais que você, e mesmo assim nem seja tão "brilhante" quanto você. Coisas da vida!.