Atribuir exclusivamente à assessoria de imprensa a redação e divulgação do primeiro comunicado da crise Palocci, que, entre outras besteiras, explicava o valor de mercado de profissionais como ele, é quase inocente. Claro que em toda crise a busca insana é por um culpado. Mas um informe dessa natureza passa geralmente por 200 mãos antes de ir a público. Nenhum assessor cometeria o despautério de soltar uma nota de conteúdo tão explosivo, no olho do furacão, à revelia de seu chefe, cliente ou assessorado. Nem um trainee faria uma coisa dessas. Pior seria um assessor acreditar que aquele conteúdo convenceria algum formador de opinião. Aí sim seria caso para internação.
A condução da crise vai levando a duas possibilidades: a primeira é a saída do Ministro. A segunda é à moda Lula: deixar o assunto se esgotar por si mesmo e resistir até que a próxima crise tome conta do noticiário.
A primeira hipótese fortaleceria a presidente Dilma. A coloca como dona das rédeas e reforça a aura de gerenciamento do governo, em qualquer aspecto. A segunda hipótese a enfraquece, e prova que todo discurso sobre lisura, atitude e energia na condução do governo é só um plano mercadológico bem montado. E que, no fundo, quem continua dando as cartas é o ex-presidente Lula.
Se ficar, Palocci será o eterno refém. O governo sairá com a pecha de admitir todo e qualquer deslize dos seus, e diminui sua moral para cobrar atitudes éticas de sua bancada, abrindo espaço para quaisquer outros fazerem a mesma coisa, inclusive a oposição. Tirar Palocci nesse momento estancaria a sangria e deixaria o tema para outras instâncias resolverem. Talvez seria a chance de fazer o País andar um pouco.
Difícil seria arranjar um ocupante para aquela cadeira, que mais parece uma cabeça de burro: nada alí prospera, conforme mostra a trajetória dos últimos ocupantes.
Um comentário:
Silvana, estrategicamente a presença de um bode do porte de Palocci no governo é altamente providencial. Enquanto muitos se preocupam com a sujeira do porco ninguém presta atenção no crescimento da lama... Onde está e o que anda fazendo a Sra Dilma & Cia?
Por acaso ela já se manifestou sobre a polêmica da professorinha que falou o que todo mundo está careca de saber sobre a educação do Brasil? (dessa vez a mídia resolveu dar força a essa polêmica, mas o assunto é tão antigo quanto Hebe Camargo...).
Eu pessoalmente não sou otimista quanto a cassação de Palocci, pois Dilma sabia desde o início que a mídia cairia em cima dele mais cedo ou mais tarde, e tenho certeza de que essa crise não é por acaso, ela foi minuciosamente planejada com alguma outra finalidade. Quem sabe a sua primeira hipótese esteja certa... Dilma mãos de ferro (teatro para inglês ver).
Grande abraço!
Adriano
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