Esta visão é de quem opera (muito) com gestão de crise. Nada a ver com a paixão pelo futebol, a admiração pelos ídolos e a pança do jogador.
Ronaldo ficaria muito bem obrigado até o fim do seu contrato, não fosse o fiasco do jogo que decidiu sua participação na Libertadores, fato que ultrapassou o limite da paciência do torcedor (o efetivo consumidor). Afinal, ele já não fazia nada em campo há muito tempo, tendo se transformado numa espécie de RP de luxo do time.
A derrota para o Tolima tirou o véu cor-de-rosa que estava sobre os olhos do torcedor: a permanência de Ronaldo e Roberto Carlos, jogadores caríssimos, não evitou a derrocada; pelo contrário, expôs um time sem lideres, sem planejamento, sem jogadas. Apenas óbvio. Apenas produtos ruins, pelos quais o time pagava muito caro.
E contra um produto ruim, não há estratégia de marketing que sustente. Uma hora a casa cai. E a casa caiu para Roberto Carlos e Ronaldo, ambos cobrados até a alma pela torcida enfurecida.
Não entendo muito sobre jogadas de futebol, mas um pouco sobre marketing. O salário da dupla certamente impedia contratações que decidissem em campo; e ambos decidiam só fora dele: tudo ia bem institucionalmente. Mas o desempenho, aquele que decide jogo e leva título, nadica de nada.
A imagem da dupla ainda piorou depois, quando eles se recusaram a jogar a próxima partida, cada qual usando um conjunto de argumentos. Astros de primeira grandeza não admitem a crítica, a ira da torcida, a cobrança. Estavam alí basicamente para serem incensados o tempo todo, e viver nababescamente debaixo da marca forte chamada Corinthians.
Provavelmente achavam que a fama dos tempos de outrora os sustentaria sob quaisquer circunstâncias. Não deu. Tenho cá com meus botões que a saída de Roberto Carlos – na forma – foi a saída honrosa encontrada pelo Clube para se desfazer de um jogador com o qual mal podia contar. O salário dele deve pagar pelo menos uns dois craques que resolvem, com a metade do trabalho.
Claro que os astros ajudaram na capitalização. Atrairam patrocinadores, mais torcedores, etc e tal. Mas se no meio do caminho tudo isso não se traduzir em resultado, de nada adianta. E não adiantou. RC diz que está indo para Russia (um frio lascado, idioma difícil....) com “excelente proposta". Evidentemente ele não diria o contrário.
Acho também que a saída de RC, somada à reação da torcida acelerou os planos do Fenômeno, cujo interesse pelo jogo dentro de campo já é pequeno há muito tempo. Ele é empresário, dos bons, não está a fim de privar-se dos almoços fartos com os amigos nos Jardins, e tampouco de ficar sendo cobrado pela torcida. Foi-se o tempo. O jeito foi se aposentar, enquanto é tempo, porque já estava passando da hora.
Resumo da ópera: tudo ia tão bem, até que o (frágil) esquema mercadológico ruiu. Para todos: jogadores e Clube. Produto é produto, e se ele não funciona, não há estratégia que o sustente na prateleira.
2 comentários:
É isso mesmo, Silvana, radiografia perfeita da crise. Tenho cantado a bola desde a contratação do bola 9 pelo timão, que na atual conjuntura já estava igual ao nosso amado Brasild e anos atrás: em certo estágio de sua história o país ia bem, mas o povo passava fome... Se bem que o caixa do time da fé fechou mais uma vez no vermelho em 2010, apesar de toda a pompa.
Entre naquele campo de busca do blogger dentro do meu blog e digite "Corinthians" para ver como tenho abordado as decisões administrativas e mercadológicas do time. Decisões de altíssimo risco.
Abraços!
Adriano Berger
http://nanoberger.blogspot.com
flor do ju
pra mim ainda foi precoce a saida do ronaldo.Creio q antes da aposentadoria, ele ainda tinah o que mostrar aqui no brasil.Ja que passou mais de um terço jogando la fora...haa, quantas jogos e jogadas marcantes perdemos de ve-las ao vivo.Pois é, so os gringos tiveram esta chance maior.
E na real, depois de milhoes no bolso,como ele tem, fazer força pra emagrecer e jogar mais anos, nao dava mesmo.Ele ja ta feito!!.
O proximo é o neymar,os gringos vao jaja leva-lo, suga-lo e pra gente fik só o pó.
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