Eu não sou muito de cerveja; pelo menos não daquelas pessoas que chegam em casa cansadas e pegam uma latinha na geladeira. Mas aprendi, com um publicitário, que cerveja é uma bebida gregária e, assim, encaro perfeitamente uma rodada com amigos. Normalmente deixo a marca a cargo da minha companhia da ocasião, justamente porque não entendo muito da matéria.
Mas a partir de hoje já tenho uma marca e vou pedi-la sempre, independentemente do gosto da companhia da ocasião. Adotei a marca sem experimentar um só golinho: Stella Artois. O motivo não tem nada a ver com gosto, temperatura, cor, malte etc. Foi o filme comercial da Stella Artois que me conquistou, para sempre.
Não sei quem ou onde foi produzido, mas, por favor, se houver um publicitário entre os leitores, me ajudem para os devidos créditos. O que tem esse filme de tão especial que me fez adotar um produto com o qual nem tenho tanta intimidade? A resposta é o que ele não tem: bunda! Nem seios siliconados à mostra, que colocam a mulher como decoração de cenário, geralmente imbecilizada, como acontece na maioria dos comerciais de cerveja.
O filme não tem uma fala sequer. São dois homens num trem, um à frente e outro atrás de um balcão de bar. Um tenta tirar um copo de cerveja de uma bomba para o hipotético cliente, mas o balanço do trem o impede de fazê-lo com toda a reverência que o produto exige. Depois de algumas tentativas, ele sai do balcão, em seguida o balanço do trem cessa e ele finalmente consegue servir a cerveja com a devida reverência que ela exige (remete a um produto de excelente qualidade). O filme fecha num cenário externo – uma ponte sobre uma praia maravilhosa – onde uma parte do trem segue e o último vagão permanece parado, desconectado dos demais, no meio da ponte (o sujeito do bar parou o trem para servir a cerveja).
Sem uma bunda, um peito pelado, uma mulher vulgarizada. Deu o recado. Valorizou a marca e ganhou a minha preferência. Parabéns à agência, a toda ficha técnica de criativos e profissionais que participaram da campanha. Quando eu descobrir, volto aqui para os devidos créditos.
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